quarta-feira, 28 de março de 2007

Artigo publicado na Revista da Editora Shape - 2007

Ginástica Laboral: uma possibilidade de intervenção nas empresas


A contratação e a implantação dos chamados Programas de Qualidade de Vida (PQV) nas empresas modernas têm crescido muito nos últimos anos.
Isto deve-se ao fato das corporações estarem passando por um processo de mudança de mentalidade em relação às vantagens de se ter um trabalhador mais satisfeito com a empresa e com os benefícios por ela oferecidos.
Há quem se mostre cético quanto à preocupação da empresa com a saúde de seu funcionário ao contratar algum programa que supostamente vá contribuir para melhoria da mesma.
Ao invés de ficar questionando as reais intenções da contratante, prefiro aproveitar a oportunidade de poder “entrar” na empresa e desenvolver um projeto. Este sim, comprometido em tornar melhores as condições de trabalho, sejam elas físicas, sociais, emocionais ou psíquicas.
Buscando ressaltar a importância do PQV dentro de uma empresa, é que sinto a necessidade de esclarecer alguns conceitos que têm sido usados corriqueiramente, em especial pelos prestadores de serviços em Qualidade de Vida, nem sempre de forma clara e objetiva.
Vamos começar falando sobre Ginástica Laboral (GL).
Uma definição que me agrada é a que conceitua a GL como uma atividade física realizada durante a jornada de trabalho, com exercícios de compensação aos movimentos repetitivos, à ausência de movimentos, ou posturas desconfortáveis assumidas durante o período de trabalho (Figueiredo & Mont’Alvão, 2005).
A GL, especialmente por ser um programa de baixo custo (se comparada a outras possibilidades de intervenção), vem sendo bastante procurada e desenvolvida nas empresas.
Além disso, é um programa que, se bem implantado e orientado por profissionais comprometidos e competentes, pode mostrar-se uma excelente ferramenta na busca por maior motivação e disposição de todos os envolvidos no processo de trabalho.
Mas vale enfatizar que a GL não é o PQV e sim parte dele. Estudos indicam que, se aplicada isoladamente, a GL pode, muitas vezes, não atingir a plenitude dos resultados dela esperados.
A meu ver, a GL é uma proposta de intervenção que deve ser implantada junto com outras possibilidades do PQV, que é algo maior e mais abrangente.
Há a necessidade, por exemplo, de se pensar num estudo que avalie as condições de trabalho (físicas, ambientais, arquiteturais, cognitivas...) desse trabalhador que frequentará as aulas de GL. E essa tarefa cabe ao Programa de Ergonomia (também parte do PQV). Precisamos saber ainda, como anda a alimentação desse funcionário, e aí entra o Programa de Nutrição. É preciso conhecer como está a prática da atividade física regular na vida desses colaboradores para se pensar num Programa “Vida Ativa”, com possibilidades de práticas esportivas ou mesmo dicas de como abandonar o sedentarismo. E assim vai... O PQV engloba vários pequenos Programas: entre eles, o de GL.
Assim, fica claro compreender porquê, nesse mercado em que a busca por resultado se faz algo imperativo, há aqueles (inclusive empresários) que questionam a eficácia de um Programa de GL.
Quem vende para a empresa a GL como uma espécie de “salvadora” de todos os problemas com absenteísmo, doenças ocupacionais, estresse, acidentes de trabalho, clima organizacional, produtividade, sem refletir que esse, que pode ser um bem sucedido programa, precisa de uma intervenção multiprofissional e multi-áreas, está no mínimo, se comprometendo com algo que dificilmente irá corresponder às expectativas criadas. Está, de certa forma, enganando a empresa e o trabalhador.
Reforço que a GL é uma proposta de intervenção que faz parte de um Programa de Qualidade de Vida. Mas é necessário que seja compreendida em seu sentido efetivo, pois tem identidade própria: são exercícios realizados durante a jornada de trabalho e com objetivos específicos e intencionais.
O trabalhador não só merece e tem direito que as empresas promovam Programas de Saúde, como também que esses programas sejam aplicados em toda sua plenitude e de forma que possam beneficiar ao máximo o participante do mesmo. Cada programa dentro de suas possibilidades de alcance. Um complementando o outro.
Só para finalizar e lembrar da importância deste chamado à reflexão, pior do que os itens enumerados acima, quem promete algo que não poderá cumprir, pode, a longo prazo, colocar em descrédito uma proposta, como a da GL, que, além de ser uma boa possibilidade de trabalho para o profissional da área, é sem dúvida, quando bem aplicada, uma importante contribuição para as questões que ser referem à saúde geral do trabalhador.
Afinal, gente disposta, motivada e feliz, acaba trabalhando com mais prazer, e produzindo mais e melhor!



Fabiana Figueiredo – CREF 009944-G/SC
Representando o Sistema CONFEF-CREFs

Nenhum comentário: